
Vozes da noite
Armando Cortes Rodrigues
Vozes na Noite! Quem fala
Com tanto ardor, tanto afã?
Falou o Grilo primeiro,
Logo depois foi a rã.
Pobre loucura dos homens
Quando julgam entendê-las…
Só eles pasmam os olhos
Neste encanto das estrelas.
Lá no silêncio dos campos
Ou no mais ermo da serra,
Na voz das rãs fala a água,
Na voz dos grilos a Terra.
Só eles cantam a vida
Com amor e singeleza,
Por ser descuidada, alegre;
Por ser simples com beleza.
Pudesse agora dizer-te,
Sem ser por palavras vãs,
O que diz a voz dos grilos,
O que diz a voz das rãs.
Em: Antologia Poética para a infância e a juventude, Henriqueta Lisboa, Rio de Janeiro, INL:1961
Armando Cortes Rodrigues (1891-1971) Escritor português, nasceu em Vila Franca do Campo, S. Miguel a 28 de Fevereiro de 1891 . Tendo escrito na sua terra a opereta – Em Férias – de colaboração com um condiscípulo, ainda estudante do liceu, vem para Lisboa (1915), onde se matricula no Curso Superior de Letras. Licenciou-se em Filologia Românica, em 1927. Passou o resto da vida nos Açores, como professor. Foi diretor da revista Insular.
Obras poéticas:
Ode a Minerva. Angra do Heroísmo, 1922
Conto do Natal para a Fernanda, 1922
Em Louvor da Humildade. Poemas da Terra e dos Pobres, 1924
Cântico das Fontes, 1934
Cantares da Noite Seguidos dos Poemas de Orpheu, 1942
Quatro Poemas Líricos, 1948
Horto fechado e Outros Poemas, 1953
Antologia de Poemas de Armando Côrtes-Rodrigues, 1956
Em Louvor da Redondilha, 1957
Auto do Espírito Santo, 1957
Auto do Natal, 1965





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